A ortografia do século XVIII

Por Ana Cristina Gouvêa Lopes

11 de novembro de 2024

Uma das tarefas que realizamos em nosso projeto consiste na transcrição do livro “Anatomia do corpo humano”, escrito por Bernardo Santucci. O livro foi escrito em 1739 em Lisboa; assim, devido à sua antiguidade, durante o processo da transcrição, diversas vezes nos deparamos com palavras que temos dificuldades em decifrar. Veja neste trecho:

Logo na primeira linha, a palavra “mesma” apresenta o S escrito com o que se parece um F, que é o chamado “s longo”. Era escrito sempre no começo ou no meio das palavras. Até nos acostumarmos com essa letra, a transcrição é uma tarefa complicada. Também vemos aí o nosso “etc.” representado por “&c”.

Na seguinte imagem:

Temos palavras como “saõ” e “estaõ”, nas quais o til está presente na letra O, e não na letra A, como atualmente usamos. Na imagem também temos algumas palavras com a repetição da letra L, como “daquelles” e “pelles”.

Aqui, nós podemos observar a palavra “quaes”; o plural das palavras terminadas em -al era em -aes, e não em -ais, como é hoje. Também temos o “humas”, que hoje é escrito sem a letra normalmente conhecemos sem a letra H inicial.

É interessante também notar a palavra “commuas”, que é o feminino de “comuns”. Esse adjetivo tinha forma feminina, mas hoje tem uma forma só para os dois gêneros.

Aqui neste trecho, temos a palavra “foy” escrita com Y no final, em vez do I. No trecho podemos observar várias outras palavras bem diferentes da grafia atual. Apesar da dificuldade de interpretação durante o processo de transcrição, nos acostumamos gradativamente com as diferenças e vai se tornando mais fácil compreendermos o que é diferente no nosso português de hoje.